sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O CÍRCULO DA MENTIRA

A máquina do governo Lula pôs em funcionamento um sistema de educação ética na política nacional baseado num círculo de mentiras e negação dos fatos.

Cartas assinadas, recibos de bancos, faturas de compra e venda, conversas gravadas, confissões de vítimas, vídeos escancarados mil vezes por canais de TV, testemunhas dos crimes são sistematicamente negados ou explicados com o aparato autoritário da mentira como última palavra. No dia seguinte, não se fala mais nisso. E, para cobrir a ossada, o Presidente da República, dono do circo, derrama nosso dinheiro diante dos olhos estupefatos de um povo abobado pela capacidade do palhaço em fazer rir os assistentes do velório diante do cadáver.

Essa adesão dócil e servil de subalternos, ministros, assessores, companheiros do Senado e da Câmara, funcionários submissos da elite burocrática ao círculo da mentira, lembra-me dos ardis do homem que calculava, na Índia, três mil anos antes de nossa era.

O sábio da corte entrou na sala de despachos do imperador. Era manhã fria de inverno. As portas e janelas permaneciam fechadas. A lareira esquentava os pés do monarca. Disse o sábio com reverência:

− Majestade, hoje, o Sol não nasceu. Estamos em total escuridão. A luz aparente que se vê através das cortinas é ilusão provocada pela certeza de que o Sol nasce todos os dias.

O imperador Lun-Din-Sef, de olhos arregalados, temendo não entender a fina sabedoria do velho conselheiro, reagiu:

− Mas todos os meus súditos podem ver a própria sombra projetada pela luz do Sol.

O sábio sorriu com indulgência. Com ar severo, descansando a mão direita sobre a barba longa e grisalha, recomendou ao imperador Lun-Din-Sef:

− Magnificência, vós sois o poder e vossa palavra é a verdade incontestável. Mandai os estafetas tocar os tambores pelas vias e praças a anunciar a toda a população a se recolher a suas casas, pois as trevas os impedem de ver e caminhar. O Sol nascerá amanhã.

− Mas, nesta hora, todos já viram o Sol nascer sobre as montanhas e vales da Índia, disse Lun-Din-Sef, virando a cabeça e mirando as janelas iluminadas.

− Majestade, retrucou o velho conselheiro, exercitai vossa autoridade. Vós não mentis. Sendo o globo redondo, neste momento, o Sol não nasce no lado oposto ao vosso reino.

Assim agiu o imperador Lun-Din-Sef. A população obediente voltou para suas casas.

Lá fora, brilhava o Sol iluminando as árvores e as flores.



Blog 17.09.2010

Nenhum comentário: